quarta-feira, 11 de julho de 2007

página 6

ai! ainda dentro do carro, sem sequer o ligar, de janela meia aberta, já sinto o cheiro da minha bela Gaia, virar à esquerda ou à direita? Em frente não posso ir se não o Ferreira não vai achar muita graça e ainda me atinge com os seus traumas de guerra, olha pronto, lá vem ele, deixa-me ir indo, vou mesmo por aqui pelo lado direito, assim nem preciso de olhar para ele.
Ai viajar em Gaia, é so ver cretinos a passar o vermelho, seja a pé, seja de carro, ei!!! que confusão, quase que o matava e mesmo a passar no vermelho sem sequer olhar para o lado, todo descontraido a ouvir musica, de certeza que nem boa era se quer, ainda vem cheio de razão me chamar nomes, se soubesse tinha passado por cima dele, que a morrer não guinchava tanto, ai que mundo, os semáfaros são como as luzes na árvore de natal, são mesmo efeitos, não têm muita utilidade para além do facto de darem luz.
Olha a camera, vou virar por aqui, enconstar naquela ruinha e tirar umas fotos, deixa me ver o que o povo tem para me oferecer.
Depois de meia hora a ver passar pessoas, luzes e nada, tirei umas 30 fotos e levo-me satisfeito, foi bom dá sempre jeito para o meu rico album da sociedade.
Deixa me telefonar à minha irma, se não, depois diz que sou um insensivel, na verdade ela é a minha unica familia, mas tambem desde que se lembrou de casar pela segunda vez com aquele rogerio, vinte anos mais novo que ela, sendo ela uma jeitosa quarentona(rica), ah pois ela nao é feia, mas ele não a quer pelos atributos.
Não atende, depois telefono, mais logo, ou quem sabe amanha.
Bem vou arrancar antes que a policia se lembre de trabalhar e de me vir multar, deixa me arranjar um sitio giro, para dar uso ao meu bloco de notas...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

página 5

Mas que Deusa, isto não é coisa de Deuses é coisa de homens, e de mulheres infelizmente agora podemos correr cada vez mais esses riscos. Está na moda ter opções diferentes.
Agora para de olhar, mas não consigo, para chega amanha trazes a maquina e pedes para tirar umas fotos. Vá lá Fernando acalma-te. -Aqui tem o seu café senhor..., Fernando, Fernando Guedes, e a menina?Susana, Muito obrigado pode ir. Lá vai ele de novo anca para a esquerda anca para adireita, coitado de quem é cego.
O café ja esfriou com tanto calor corporal, mas também não venho aqui pelo café, o café é uma desculpa para me poder sentar e observar. Bem está cá tudo, está ali a Lurdes, ali o Zé, ali a Mila manca, ali a andreia e as suas amigas, bem não falta ninguem... alto. Falta sim, já me esquecia, falta aaquela mulher irritante cheia de carinhos e bondade que passa a vida a sorrir para tudo e todos. Mas também não faz falta só a voz dela irrita-me. Estão ali ao canto os dois trolhas a galar a empregada. Estes trolhas de Portugal, será que isto se apega lá nos andaimes? Será? que raça tão tão... tão nada. Se um di escrever um livro vou falar deles e não vai ser nada bonito. Bem já ouvi histórias que chegue por hoje, até já sei que o namorado da Andreia não gosta de sexo oral. Ele não sabe o que perde. Levanto-me piso oolho à empregada deixo uma gorjeta para ela e saiu com um sorriso sarcástico e a pensar que se os pensamentos fizessem barulho eu já estava morto com tanta coisa que digo para mim. Vou a casa buscar a máquina, com isto já são 10.30 da manha, vamos tirar umas fotos por aí. à entrada do prédio a mesmas três mulheres na mesma conversa. Se eu tivesse aqui uma granada de mão... . Solto uma gargalhada ao passar por elas, elas olham para mim com um ar superior e comentam algo, imagino que será sobre o que lhes fiz à dois dias, que lhes fechei a porta do prédio à chave quand elas tavam às 23.15 à porta do prédio a falar, e depois ficaram ali umas duas horas à espera que alguém lhes abrisse a porta. Subo, entro em casa pego na máquina fotográfica, no meu bloco de notas e saiu de novo. Estranho não? Bloco de notas? Claru o papel será sempre papel e não vai ser um computador que vai substituir o prazer de ter um lápis na mão e escrever.
Vou até à garagem, entro no carro e ponho-me a pensar no destino de hoje...

página 4

Oláaa, temos empregada nova, enquanto ela se dirigia para mim com aquele ar todo sorridente, aquela saia tao curtinha e aquele peito todo e quando digo todo é mesmo todo a olhar para mim, como se me dissesse mama mama, ai senti uma vontade de ser amigavel e de a abraçar, aqueles peitos davam cabe de mim, isto tudo pensei durante o percurso da bela menina que quando xegou perto de mim fez o favor de não dizer nada de jeito, só erros de pensamentos seguidos de desastres de atitudes, ai que coisa tão boa, mas que desastre mental.
Quero um café se faz favor, e ver a empregada se dirigir para dentro do estabelecimento em busca do café perdido, ai! foi outro mal para o meu forte coraçao, que pernas, apetecia me fotografa-la, mas que rico monumento.
Entretanto chegava a Luisa com mais um novo namorado, sentavam se sempre ali por perto, nao que tambem nao me chamasse a atençao, mas era muito nova e a pedofilia em Portugal ta em voga e eu gosto de passar despercebido, vou apenas vendo o que me dão para ver sem tocar.
Hoje o namorado dela tá mais magrinho, pronto o rapaz foi à casa de banho, lá vem ela.
Então como está senhor Fernando? estou bem e a menina? e sentou se logo a minha beira, ai nem sabe estou tão mas tão mal, é que tipo o meu pai aleijou-se, ai sim mas foi grave? grave? oh senhor Fernando foi gravissimo, tipo o meu pai estava a caminhar tipo com uma amiga da minha mae que por acaso foi lá a casa e como a minha mae não tava o meu pai teve a delicadeza de a levar até casa e tipo, pelo caminho apareceu um pau que caiu de uma arvore, um ramo? sim isso e atingiu no pé, tipo mesmo com muita força e ele partiu o pé, isto já chorando sobre o meu braço todo erranhucido, chegou o namorado ai que alivio, Luisa saiu a correr mandando um beijinho para trás, é uma rapariga muito amavel, mas parece um vento da natureza, ah vem ai o meu rico cafe, numa bandeja de Deusa.

página 3

Um livro, não era má ideia. Tenho visto tanta coisa, até já há vacas que escrevem, oh desculpem- me as vacas. Por isso se gente desta lança livros porque não posso lançar eu? Sou inteligente, sou experiente, sei olhar com olhos de ver, sei escrever com letras que se lêm. Mas sou um pouco distraído. Hoje é sábado, com tantos pensamentos na cabeça é normal que me tenha desorientado, mas também os dias são mais uma daquelas brilhantes ideias que alguém teve como se fizesse diferença hoje ser sábado ou quinta-feira, dias são dias, números são números, pelo menos até hoje. E para mim tanto me faz, quinta é a minha folga e sábado é sábado. Sim porque não é só a função pública que pode descansar, eu também tenho e o meu descanso deve ser muito mais merecido que o descanso da maioria dos funcionários publicos, mas cala-te boca que ainda posso ser processado, ou ainda venho a saber que as paredes têm de facto ouvidos e quando der por ela já me puseram um processo em cima, e obrigam-me a ter que ir umas dez vezes a Lisboa para tratar do assunto, porque Portugal já não é Portugal é Lisboa. E como não quero perder o meu emprego lá na escola de condução, ou então passar de instrutor a recepcionista, é melhor estar calado.
Cinco minutos para o duche mais cinco para a roupa e para os dentes, pego na carteira e vou até ao café. Mais uma das minhas rotinas, todas as manhãs vou até ao café trabalhe ou não.
Ao descer as escadas sempre a mesma coisa, gemidos no segundo andar, que pena hoje não ser quinta, no primeiro andar discusão entre um casal que nunca vi. Graças a Deus consigo evitar esta gente suja. Na entrada do prédio a equipa do costume. Três mulheres, a falar mal da vida de todo o Mundo, se calhar da minha também, até porque já as ouvi a comentar as minhas noites de quinta. Que gente mesquinha, ou não têm vida ou entao não têm sono para estarem até tão tarde acordadas para ver a que horas chego.
saiu do prédio, -Olá senhorFernando -, só se for para ti digo para mim. Era o meu primo Ruben que mora no prédio ao lado do meu e estava à janela. Nem me dou ao trabalho de responder, não merece.
Vou para o café, entro, o mesmo cheiro a mesma gente mas eu não me canso. Por mais dias que se passe as histórias são sempre novas, é incrivel as coisas estupidas que se vêm nestes lugares. Sento-me e chamo a empregada...

página dois

Puff, um estrondo enorme se debateu na minha porta trazendo-me de novo para a realidade, do outro lado ouvia-se “olhe desculpe, de me uma esmolinha! estou tão necessitado”, pois, estamos todos, agora tenho que esperar que o farrapo velho saia do meu caminho, prefiro ficar aqui do que ter que olhar bem fundo naqueles olhos vazios e responder que não tenho nada para lhe dar e continuar a andar sem sequer para trás voltar.Vou me sentar um pouco na sala e esperar que ele caia pelas escadas e se magoe o suficiente para se ir embora e não voltar, mas que não se magoe muito porque se não fica ali estendido e ainda tenho que cuidar dele.É como eu costumo dizer, quer dizer nunca ninguém me ouve, por isso se calhar estou sempre a dizer isto pela primeira vez, mas morar num 3 andar tem as suas regalias, uma delas é que estes indivíduos um dia cansam-se de ter tanto que subir e nunca receber nada, se ainda me viessem dar alguma coisa, mas não, só sabem é pedir, vão trabalhar que eu também trabalho, maldito elevador que lhes deve dar esperanças, eu não preciso do elevador para nada, gosto de fazer exercícios. Se eu fosse pai, o que não sou por pura opção, nunca deixaria os meus filhos andar de sapatilhas com rodinhas, que povo mais preguiçoso, odeio o povo, é tão reles e tão superficial, mas é também o meu alimento, porque se não, não tenho de quem mal falar, nem tenho de quem me rir, mas eu não sou má pessoa, “ de 1 euro por favor” oh homem cale-se!No chão, a meus pés estava o jornal, para tentar me abstrair um pouco de toda aquela chafurdice, abriu-o à sorte,”mulher mata marido à facada”, pois, por isso é que nunca me casei, contudo, não se pode dizer que o lugar da mulher seja na cozinha, se ela usa assim a faca, mas não tenho nada contra as mulheres, aliás só tenho a dizer bem.Isto deve de ser da idade, mas quanto mais o tempo passa mais falo sozinho, quer dizer eu não sou maluco, eu penso é alto, que é totalmente diferente, mas por falar em mulheres, hoje é quinta feira temos brincadeira, ai que sou mesmo engraçado, é pena ninguém ouvir estes momentos brilhantes que faço, eu devia era de escrever um livro.

página um

O Mundo lá fora acorda, boceja, repete a rotina diária e quase ridicula de tão uniforme ser, que mais parece uma dança sincronizada ao som de uma música citadina que começa com três batidas, onde um dá o murro no despertador, o outro abre os braços e esperguiça-se e o outro dá um salto da cama, e a música arranca com os filhos a chorar as mães a berrar, o pai que só quer fazer a barba. E o dia começa mas ninguém dá por mim. O despertador acabou de tocar, uma das poucas certezas da minha vida e sem dúvida a mais certa e fiel. Nunca falhou nem nunca se esqueceu de me entrar todas as manhas pelos ouvidos e me despertar para um novo dia. As 7 horas estão tão marcadas neste despertador como o sol está marcado na minha pele.
Hoje não sei se por mera coicidencia ou por obra dos números, sinto-me estranhamente nostálgico. Hoje estamos no dia sete de Julho de 2007. Três setes que se juntão a mais um no relógio. Tal momento só se repete uma vez por milénio. Mas o que estou eu a dizer! Números são números, pelo menos até hoje.
Salto da cama, lavo a cara olho-me ao espelho, as rugas ja começam a aparecer, os olhos já não escondem o cansaço de 48 anos mal dormidos, cheios de medos e incertezas que fazem de mim o que sou hoje. O que sou? Será que eu sei o que sou? Tantas perguntas esta manha. Sento-me junto à janela, olho para rua, como faço todas as manhãs, mas hoje está tudo diferente, pelo menos aos meus olhos. Fecho os olhos em busca de paz e respostas. O silêncio chama, o sono acorda de novo e as perguntas não param. De repente sou invadido por memórias antigas, rostos passados, pecados velhos de defeitos corrigidos que me fazem... sim fazem chorar. Adormeço.
Onde estou...?